sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Lincoln - 2012


30/01/2013 - 8
Nota: 8.0 / 7.9 (IMDB)
Formato: Cinema

Direção: Steven Spielberg
Elenco: Daniel Day Lewis (Presidente Abraham Lincoln), Sally Field (Primeira-Dama Mary Todd Lincoln), Tommy Lee Jones (Congressista Thaddeus Stevens), David Strathairn (Secretário de Estado William H. Seward), Joseph Gordon-Levitt (Robert Todd Lincoln), James Spader (William Bilbo), Hal Holbrook (Francis Preston Blair), John Hawkes (Coronel Robert Latham), Jackie Earle Haley (Vice-Presidente dos Estados Confederados da América Alexander H. Stephens), Lee Pace (Congressista Fernando Wood), Jared Harris (General Ulysses S. Grant)

Crítica:
Steven Spielberg está de volta na direção de mais um drama de grandes proporções, o mesmo estilo empregado no excelente Munique (Munich) - 2005 e no fraco Cavalo de Guerra (War Horse) – 2011. Agora, Spielberg, junto com o roteirista Tony Kushner, contam uma parte importante da história estadunidense, com participação importantíssima do então presidente Lincoln. Foi baseando na obra biográfica de Lincoln: Team of Rivals - The Political Genius of Abraham Lincoln de Doris Kearns Goodwin. Lincoln foi o 16º presidente dos Estados Unidos, é um dos mais lembrados, pelos seus feitos e por ter sido assassinado.

O enredo mostra exatamente os meses em que antecederam a aprovação da 13ª emenda da constituição estadunidense, os quatro últimos antes do assassinato do presidente. Durante a guerra civil, que não é o foco do filme, o presidente atrela o fim da guerra à assinatura da emenda, e faz de tudo para que as duas coisas aconteçam ao mesmo tempo.


Spielberg foi incrivelmente feliz ao contratar Daniel Day Lewis para o papel principal. Lewis é um ator excêntrico, mas esse adjetivo se volta totalmente para sua competência. Normalmente suas atuações são extremamente fiéis, e sua determinação para compor um personagem impressiona. Fiz algumas leituras sobre seu comportamento nos sets de filmagem, e ele se transforma, de maneira que vivencia o personagem 24 horas por dia, e não aceita que ninguém o chame por seu nome, atendendo somente pelo nome de quem interpreta, mesmo fora das filmagens. Por isso, Lewis é admirado e se tornou um ator competente, vencedor de vários prêmios, incluindo dois Oscars. Nesse filme teve, mais uma vez, uma atuação extraordinária, sua aparência ficou incrivelmente perfeita. A fotografia e jeito com a câmera o mostrava, quase sempre de perfil, o deixou idêntico a Lincoln. Além disso, ele adotou uma voz rouca, com diálogos pausados e pacientes, mostrando seu envelhecimento e cansaço pelos quatro anos vivenciando a guerra.

[SPOILERS...] Em meio à guerra, Lincoln precisa travar uma batalha política para assinatura da emenda que acabará com a escravidão. Mas seu receio, é que o fim da guerra e consequentemente junção dos estados confederados à união, causarem a desistência da sua aprovação, pois os confederados fazem bastante uso da mão de obra escrava. Assim, Lincoln precisa correr para convencer e juntar os votos a favor, antes que a guerra acabe, mas para isso precisou usar sua influência política e algumas manobras antiéticas para dobrar seus companheiros republicanos e principalmente seus adversários democratas. Os republicanos foram convencidos por meio de diálogos e imposição irredutível para aprovação da emenda. Depois disso, solicitou seus melhores assessores para procurar pessoalmente os democratas que não foram reeleitos, pois seria mais fácil convencê-los, já que não tinham mais um vínculo formal com o partido. Enquanto o tempo passava, Lincoln precisou administrar a ansiedade de todos pelo fim da guerra, e ainda fez alguns movimentos para que ela não acabasse. Perto do dia da votação, Lincoln ainda precisou buscar votos pessoalmente e convencer alguns democratas, com palavras e chantagens emocionais. Assim, a emenda é votada e aprovada numa sequência de cenas tensas e emocionante. Ao fim, o roteiro mostra as negociações para rendição dos confederados e ainda encontrou tempo para mostrar como foi o assassinato de Lincoln. [FIM SPOILERS]


Como relatado, o filme não se trata de uma biografia por completo, apenas mostra um momento importante da história estadunidense, com um olhar direto sobre Lincoln. Mas há omissões sobre alguns métodos adotados por ele para conseguir os votos necessários na aprovação da emenda. Sabe-se que ele torturou alguns adversários colaboradores dos confederados, prendeu alguns jornalistas e fechou redações.

Os trejeitos adotados por Daniel Day Lewis com certeza não são os mesmos de Lincoln, muito provavelmente foi sua visão e imaginação que trouxe esse desempenho bastante agradável, dando veracidade aos fatos. Essa interpretação fez com que o filme ficasse lento, com diálogos muito bem  executados, de um jeito que sempre nos deixa a pensar. A maquiagem e a fisionomia de Lewis ficaram impressionantes, junto com o jogo de câmera, algumas cenas podemos dizer que é Lincoln de verdade.

A história foi muito bem contada, mesmo com as omissões, o roteiro nos prende, mesmo não tendo ação alguma, prestamos atenção em cada diálogo, em cada frase. Por isso, incrivelmente, a plateia do cinema em que o assisti, ficou em silêncio absoluto durante as quase duas horas e meia de projeção. Numa havia acontecido isso comigo. O cinema é do Shopping Boulevard em Belo Horizonte. Fica a indicação.


Desabafo:
É incrível como alguns de nós, muitas vezes eu, dá tanta importância à história dos EUA e para piorar, não valoriza a história brasileira. Critico-me várias vezes por não assistir à filmes latinos, europeus, e principalmente nacionais. Sei que ao focar em filmes estadunidenses, estou perdendo a oportunidade de valorizar o que é nosso, e a nossa história, mas ao mesmo tempo é difícil deixar de assistir um filme igual Lincoln, para assistir Dois Filhos de Francisco - 2005. Os EUA estão longe de ser um povo perfeito, cometem inúmeros erros por conta do capitalismo, inclusive no cinema, mas esse, é o que eles fazem com perfeição, independente da história que contam, eles conseguem fazer com que o planeta assista a seus filmes. Por bem ou por mal, e infelizmente, eu ainda prefiro arriscar assistir um filme deles e achar ruim, do que assistir um nosso para ver se é bom.

Assistam Lincoln!

Um comentário:

  1. Não gostei muito... Fiquei com a impressão de que Lincoln foi feito única e exclusivamente pro público americano.

    Vc fica ali meio sem contexto, não sabe porque tá rolando a guerra nem nada (eu sei, mas imagino que a maioria não deva saber, ninguem é obrigado a saber história americana). Além do mais achei o Lincoln muito teatral. Toda fala é uam história, um conto, um poema, um frase filosófica. Praticamente todos os dialogos são preparados. Achei meio exacerbado, todo mundo para e olha pro cara como se fosse Deus.

    O filme teve bons momentos, a votação foi show, Tommy Lee Jones tava ótimo hehe e Day-Lewis ficou igualzinho... não sei se falava e agia daquele jeito, mas visualmente ficou igual.

    Dou uma nota 7

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