sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O Poder do Soul (Soul Power) - 2008

15/02/2013 - 10
Nota: 8.0 / 6.7 (IMDB)
Formato: Blu–Ray

Direção: Jeffrey Levy-Hinte
Elenco: Muhammad Ali, James Brown, Celia Cruz, BB King, Don King, Miriam Makeba, The Spinners, Bill Withers

Crítica:

O Poder do Soul é um documentário filmado em 1974 sobre o festival musical realizado no antigo Zaire, hoje, República do Congo. A ideia do festival era reunir, em algum país da África, os maiores artistas africanos junto com artistas afro-americanos de grande sucesso da época. Os realizadores procuravam investidores para o festival, e chegaram a Don King, famoso empresário de boxe, que estava promovendo a luta que valeria o título mundial de boxe. A ideia dos realizadores era  unificar a luta do com o festival de música. King gostou da ideia, e com sua influência conseguiu um financiador para o evento musical. A grande luta estava marcada para o Zaire, e reuniria os dois maiores boxeadores da época: Muhammad Ali e George Foreman. Ali se encontrava no auge da fama, e usava isso para seus protestos contra a discriminação racial, política estadunidense e mundial.

Nesse contexto o documentário foi realizado, mas não foi finalizado, pois o investidor não entrou mais em contato e o financiamento foi cortado. Depois os realizadores ficaram sabendo que o investidor havia morrido. Somente na década de 2000 eles arrumaram financiadores para finalizarem o filme.

O filme mostra todos os bastidores para preparação do evento. Desde a montagem do palco, até o show em si. As primeiras negociações para o local físico do espetáculo e contratação dos artistas, até o passo a passo para montagem do palco. A luta fica apenas como pando de fundo, mas algumas há entrevistas interessantes com Ali. Em uma deles, ele fala como os EUA estão atrasados nos direitos humanos, com muito racismo e discriminação racial, além do capitalismo ter tomado conta do país. E na África as coisas são bem mais naturais, as pessoas ainda se preocupam com as pessoas.


O artista mais importante da época era James Brown, a todo o momento percebemos o quanto as pessoas o idolatravam, e o quanto ele era solicitado para entrevistas e depoimentos sobre a importância do evento. Outros importantes artistas foram chamados, mas na época ainda não eram tão famosos, um deles é B.B. King. É até estranho vê-lo novo, andando e fazendo seu show em pé, pra mim foi uma das partes mais interessantes do filme.

Um dos pontos altos do documentário são a reunião e a viagem dos artistas afro-americanos, para a África. Eles se reuniram no que parecia um hotel, para uma festa com todos os envolvidos, vários discursos são feitos, e no outro dia, partem para a viagem à África. Dentro do avião a festa continua com muita bebida e música. Ao chegar ao Zaire, mais festa, foram recepcionados no aeroporto por Don King, e levados ao hotel, onde aconteceria a recepção festiva. É ali que Brown e Ali se conhecem, timidamente se cumprimentam e conversam rapidamente.


Tudo estava preparado para o show, com alguns problemas, mas dentro do esperado. Quando vem a notícia de que a luta não poderia acontecer no dia marcado, pois Ali havia se machucado. Cogitaram adiar o festival, mas tudo estava preparado e não havia tempo hábil para adiamento. Assim, deram continuidade para que os shows acontecessem como programados.

A parte documental acaba aqui, a partir daí, é só imagem dos shows, mostra pelo menos uma música, de praticamente, todos os artistas que se apresentaram naqueles dias. Meu destaque vai para James Brown, é claro, e B.B. King, dois monstros da música mundial. Mas ainda há algumas apresentações de grupos que eu não conhecia, além dos artistas africanos, com grande destaque para Miriam Makeba, que apesar das músicas não me agradarem, tem uma crítica mundialmente positiva.


As pouquíssimas imagens dos shows são o ponto fraco do filme. É mostrada praticamente uma música de cada artista, James Brown tem apenas duas, e mais uma nos extras. Sei que a intenção do filme não é mostrar os shows, mas poderiam ter colocamos mais músicas, ou pelo menos lançado outro blu-ray com todas as músicas.

Ainda assim, o documentário é um registro importantíssimo para os adoradores da boa música. É um histórico dos acontecimentos da época, e nos diz como os artistas foram importantes para o fim do racismo.
Com certeza é indispensável para quem é fã da black music.

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