quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

42 - A História de uma Lenda (42) - 2013


28/01/2014
Nota: 8.0 / 7.6 (IMDB)
Formato: HD

Direção: Brian Helgeland
Roteiro: Brian Helgeland
Elenco: Chadwick Boseman (Jackie Robinson), Harrison Ford (Branch Rickey), Christopher Meloni (Leo Durocher), John C. McGinley (Red Barber), Lucas Black (Pee Wee Reese), Alan Tudyk (Ben Chapman), Andre Holland (Wendell Smith), Nicole Beharie (Rachel Robinson), CJ Nitkowski (Dutch Leonard), Brett Cullen (Clay Hopper), Ryan Merriman (Dixie Walker), TR Knight (Harold Parrott), Hamish Linklater (Ralph Branca), Brad Beyer (Kirby Higbe), Jesse Luken (Eddie Stanky), Max Gail (Burt Shotton), Peter MacKenzie (Happy Chandler), Linc Hand (Fritz Ostermueller)

Crítica:
42 é o filme biográfico do primeiro jogador afro americano a fazer parte de um time profissional da liga estadunidense de beisebol (MLB - Major League Baseball). Jackie Robinson é considerado um dos maiores jogadores de beisebol, e um ícone do esporte norte-americano. Destacou-se nas temporadas de 1947 a 1956 jogando pelo Brooklyn Dodgers.

[SPOILERS] O filme começa nos contextualizando da época em que os eventos aconteceram. Estamos no ano de 1945, soldados voltam para casa após o fim da segunda grande guerra, e é a partir desse momento que o beisebol volta a ter maior importância. A segregação racial nos EUA ainda estava no auge, os negros tinham que sentar-se no fundo dos ônibus, os hotéis eram separados pela cor da pele, todos os lugares tinha ambientes separados para os negros, restaurantes, praças e banheiros.


A MLB tinha aproximadamente 400 jogadores, logicamente, todos brancos. O então diretor do Brooklyn Dodgers, Branch Rickey, tinha grande experiência no beisebol, com vários títulos em seu currículo. Rickey precisa montar um grande time para as próximas temporadas, e sabia que nas Negro Leagues (Ligas de beisebol onde jogavam apenas negros) existiam grandes talentos, jogadores negros bons ou melhores que os brancos. Além disso, colocando negros em seu time, aumentaria a audiência dos jogos e consequentemente a arrecadação.

Rickey precisava achar o jogador ideal, com personalidade forte o bastante para aguentar as humilhações que sofreria dos adversários, torcedores, e até, dos seus companheiros de equipe. É aí que entra Jackie Robinson. Robinson tinha todas essas características, precisava apenas de ajuda para controlar possíveis reações agressivas.

Rickey colocou Robinson no time de base de Montreal, Canadá. Era um primeiro teste para todos, ver o comportamento dos brancos e de Robinson. Robinson era muito talentoso, logo se destacou como excelente jogador, além de mostrar que poderia conseguir suportar todos os preconceitos. Assim, na temporada seguinte, Robinson é incorporado ao time principal, assinando um contrato para ganhar 600 dólares por mês, pelo Brooklyn Dodgers.


Sua estréia foi no dia 15 de Abril de 1947 com a camisa de número 42. Nesse dia se tornou o primeiro jogador negro a atuar num time da MLB (Major League Baseball). Um marco para história do esporte mundial.

Mas para que esse dia fosse lembrado como hoje é, Jackie precisou passar pelas mais humilhantes situações. Em todos os jogos, torcedores, adversários ou não, gritavam humilhações todas as vezes que entrava em campo. Robinson respondia com grandes atuações, e em vários jogos, era o principal responsável pela vitória dos Dodgers. A pior situação foi em um jogo contra o Philadelphia Phillies, em que o treinador adversário,  Ben Chapman, xingava Robinson explicitamente, humilhando-o e tirando sua concentração. Ainda assim, Robinson conteve-se, sem nenhuma atitude agressiva. Posteriormente, Ben Chapman foi obrigado a tirar uma foto ao lado de Robinson, como pedido de desculpas. Depois desse episódio, Chapman nunca mais conseguiu destaque no mundo do beisebol.

A história do filme foca na temporada de 1947, e termina com Robinson mostrando a todos que ele estava muito acima dos preconceitos, que era um grande homem, e excelente jogador de beisebol. [FIM SPOILERS]

Robinson defendeu o Brooklyn Dodgers por 10 temporadas e foi campeão da World Series em 1955. Ainda enquanto jogava, outros jogadores negros entraram para a liga.

Robinson recebeu várias homenagens. Em 1962 entrou para no Hall da Fama do Beisebol. Em 1997 a MLB aposentou o número 42 de todas as equipes da liga. Em 2004 foi instituído o "Jackie Robinson Day", que acontece em 15 de abril, onde todos os jogadores de todas equipes, jogam com o número 42. Essa homenagem vai de encontra aos dizeres de um de seus colegas: "Quem sabe amanhã todos usemos o 42, para que ninguém mais consiga nos diferenciar".


Essas homenagens são de extrema importância para marcar as pessoas que sofreram e lutaram contra o racismo. Jackie Robinson deu sua contribuição para acabar com a segregação contra os negros, e é por ele e por vários outras, que um negro conseguiu chegar à presidência dos EUA.

Tecnicamente o filme deixa a desejar, tanto nos diálogos, quanto na direção. As atuações, em vários momentos, pareceu-me teatral, com textos bem decorados, sem improvisações, utilizando frases de efeito, totalmente clichê. Brian Helgeland poderia ter conduzido os atores com mais liberdade, numa biografia isso ajuda a dar mais naturalidade aos personagens. Fora isso, Chadwick Boseman fez uma boa interpretação de Jackie Robinson. Conseguimos perceber, claramente, o sofrimento que era ser um negro naquela época. Incrível foi a transformação de Harrison Ford, que está irreconhecível como Branch Rickey. Maquiagem perfeita. Percebi que era ele pela voz e pelo jeito de mexer com os braços, apesar dos diálogos clichês, sua atuação foi excelente. A retratação que Alan Tudyk deu para Ben Chapman foi importante, principalmente nas cenas do jogo contra o Phillies. Faz-nos ter ódio dele.

A história procurou, descaradamente, vangloriar Jackie Robinson, sem mostrar seus defeitos e apenas um pouco de suas fraquezas. Por isso, os clichês ficam mais evidenciados. Provavelmente foi proposital, pois, como disse, essas pessoas devem ser lembradas pelos seus grandes feitos, para que discriminações e preconceitos nunca mais aconteça na humanidade.


A retratação da época, figurino, locações, deu credibilidade ao realismo da história. O visual em sépia valoriza a imagem que temos dos anos 40.

Considero um excelente filme, até para rever, pois é uma história verídica de uma época que normalmente não temos a noção do que foi sofrimento dos negros. É importante ver o que o ser humano é capaz de fazer com um semelhante, para nunca mais repetirmos esse erro, pois quem erra duas vezes é burro.

E essa é a principal mensagem que podemos tirar do filme, pois podemos estar vivenciando esse erro atualmente, de forma menos exagerada, mas com os mesmos preconceitos. Hoje os gays são discriminados, em determinados locais e regiões, explicitamente, em outras, com silêncio.

Temos (tenho) que abrir nossas cabeças e entender que esse tipo de situação não cabe mais nos tempos em que vivemos. Somos todos iguais.

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